O Porto pode ter nascido numa estrela e desaguar nas nossas mãos. Põe a secar à janela, como uma bandeira, a roupa que usa. Não é uma montagem de cinema ou uma peça de engenharia. O Porto é um estado de alma, incrustado na rocha, como uma erva que resiste a toda a transfiguração plástica. Não é possível subverter-lhe o carácter. Os atentados à sua morfologia, para bem ou para mal, não provocam só por si qualquer mudança. O Porto é como uma cidade, nem grande nem pequena, à mercê da sua inocência ou brutalidade. Porque são as suas gentes que ainda o fazem e não as pessoas que mandam nele. Os fragmentos que o pontuam de uma margem para a outra do rio - um velho palacete, um barco inamovível, uma ponte inválida - são pontos de referência estruturais, como um segredo num mapa, do seu desenho contínuo e navegável, o mistério da sua luz londrina e tensa. O Porto não está de peito feito para o mar. Recolhe as suas forças e faz-se ao alto mar. Por amor e necessidade.
Joaquim Castro Caldas, in O Tripeiro
4 comentários:
Que foto!!! (...suspiro...)
As fotografias do post anterior também estão fantásticas. Estás um pró nisto :p
Beijinho
Concordo com a Mariana. As fotos estão cada vez melhores. Qualquer dia já estás a dar workshops aqui ao resto do pessoal. :)
reitero o que já foi comentado acerca das tuas fotos, muito bonitas! de quem olha mas sabe ver! :) e não sei onde vais descobrir textos e citações tão bonitas!!!
gostava de poder falar da minha cidade com o mesmo encantamento...
parabéns e, já agora, entra com o pé direito em 2008!:)
beijinho
susana (ajigsaw)*
Mariana, Miranda e Susana,
Agradeço as vossas simpáticas palavras. Mas atenção que ainda sou um aprendiz nestas coisas! :P Eu é que aguardo pela oportunidade de assistir a um workshop e principalmente pela possiblidade de tirar um curso. Para já vou escutando e observando algumas dicas de quem percebe da matéria. :) Porque a "base de dados" de pontos de vista vai aumentando cada vez mais.
Um click a vocês! ;)
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