terça-feira, junho 26, 2007

Longa e memorável

O Porto saiu à rua e encheu-se de alegria. Como se previa foi a noite mais longa do ano e a que no dia 31 de Dezembro se encontrará mais viva na minha memória.
O Portus Cale percorreu o Porto e viveu experiências que ficarão gravadas por muito tempo no nosso consciente. Para o caso de essas memórias se irem desvanecendo ficam também gravadas neste espaço.
Para o JE a festa começou na Avenida dos Aliados ao som de José Cid. Para mim começou à saída da estação de metro de S. Bento com as primeiras marteladas a serem distribuídas. Rapidamente nos misturamos na multidão que mais não era do que um grande grupo de amigos. Contra essa multidão, que se dirigia para a ribeira, subimos os clérigos e definimos o ponto de onde assistiríamos ao iluminar dos céus quando o relógio marcasse 00h00: o mirante da rua da Bataria da Vitória. Aí decidimos procurar o "Porto profundo". Próximo destino: escadas dos guindais. Descemos em zigue-zague até à ribeira e voltamos a subir até ao miradouro junto ao Convento de S. Bento da Vitória que o dia 24 aproximava-se a passos largos.

Vista do fogo da janela de minha casa

Depois do colorido e estrondoso fogo de artifício juntamo-nos ao Conjunto António Mafra e na Avenida dos Aliados dançou-se ao som de clássicos como "Sete e pico" e "Arrebita, arrebita arrebita". O povo arrebitou e um senhor visivelmente embriagado pelo espírito do S. João e não só decidiu perguntar-nos se nos podia beijar!!! Achámos que o espirito do S. João tem limites e gentilmente declinámos. Ainda na Avenida dos Aliados o JE ia-se vendo privado do seu primeiro martelo da noite (ao todo foram 3) quando uma criança gostou tanto do martelo que decidiu "palma-lo" das mãos do meu amigo e desatar a correr.
Martelo recuperado achámos que a Avenida dos Aliados já nos tinha dado o suficiente e decidimos dirigirmo-nos para a ribeira que acabou por ser apenas um ponto de passagem para o nosso destino final: Castelo do Queijo. Integramo-nos na romaria que se dirigia para as praias da foz sem saber bem o que nos esperava. Conhecemos uns "amigos" do Alentejo que nos asseguraram que estavam a adorar a experiência apesar de "um pouco cansados".
Continuámos a viagem e o melhor momento da noite estava ainda por vir. Já na Avenida Brasil descobrimos um novo tipo de música: o ska. De uma carrinha antiga da Volkswagen, daquelas que associámos automaticamente aos hippies e que vimos em filmes como "Little Miss Sunshine", saía um ritmo contagiante ao qual nos decidimos juntar. Quem passou por ali depois das 04h00 concerteza reparou num grupo de 7 pessoas dançando como se não houvesse amanhã. Para vocês só uma pergunta: porque não se juntaram a nós? E cansaço não conta como desculpa. Foi o momento mais alto da noite e ali ficámos uma hora aos pulos qual tribo africana a pedir chuva aos deuses.
Mas a fome apertou e lá nos dirigimos para o Castelo do Queijo onde comemos um dos últimos cachorros quentes da roulote. A noite para nós estava a acabar e cada um sonhava já com a sua cama. O sonho tornou-se realidade às 08h00 quando caí na cama com a noção de que tinha terminado a melhor noite do ano. Não tenho provas mas tenho cá para mim que dormi com um amplo sorriso nos lábios.

Em jeito de agradecimento ao "pessoal da carrinha" deixo aqui uma amostra do "som do S. João de 2007":




1 comentário:

Anónimo disse...

Quero acrescentar, caro Miranda, que quando eu cantava com o José Cid, "eu nasci prá música!!!", já me acompanhavam umas ricas sardinhas e um bom caldo verde (só tenho pena de ter faltado o toro). E depois, começou então o nosso caminho que pareceu sempre nunca ter fim.
Quero deixar uma palavra também para o casal idoso ( ele 82, ela 80, "são 162 anos!", disse eu!), "qual é o segredo?", perguntaste tu, dada a jovialidade com que dançavam ao som do Conjunto António Mafra, ali, em pela placa central dos Aliados. "Somos irmãos!" respondeu carinhosamente o jovem idoso. Eram 2h30 da manhã. Isto sim, também diz muito do que é um S.João bem vivido no Porto. E este também foi, sem dúvida, o meu melhor S.João, e sinto que também o foi para mais pessoas. Destaco também aqueles "descansos", primeiro na fonte dos Leões, onde podiamos observar um «Piolho» a rebentar pelas costuras. Entretanto passou o José Eduardo Pinto da Costa e eu (também tu) tive imenso prazer em dar-lhe umas amigáveis marteladas, não só por ser irmão do presidente do nosso FCP, oh oh!, mas também por se chamar José Eduardo, claro está! O segundo descanso foi praticamente ás "cavalitas" do Garret, que bem podia ter oferecido um dos tantos manjericos que tinha com ele, mas tudo bem na mesma, não é por isso que vai deixar de continuar a ser um gajo porreiraço. Dali, contemplamos toda uma Avenida dos Aliados a fervilhar! E a noite ainda era uma criança...e eu ainda estava com o meu primeiro martelo. Deixa-me dizer-te ainda que a tua amiga veio dar um toque feminino bestial á nossa aventura, mas para a próxima tem de vir mais cedo!!!
Para terminar em cheio, o ska ao som roufeiro do gira-discos da carrinha antiga da Volkswagen. 5 estrelas!!!, tal como aquelas que observei enquanto dançava e que ainda restavam no céu, pois a manhã estava mesmo a chegar...
Um grande abraço.