domingo, outubro 15, 2006

Os 5O anos do Pavilhão Rosa Mota

O Porto comemora hoje o cinquentenário do edifício modernista, desenhado pelo arquitecto Carlos Loureiro, que ocupou o espaço onde anteriormente existiu o Palácio de Cristal, facto que não agradou a uma parte dos portuenses por ter obrigado à demolição do edifício de granito, ferro e vidro inaugurado em 1865.
O dia é assinalado por um concerto de Jorge Palma no interior do pavilhão, seguido de um espectáculo pirotécnico nos jardins circundantes.
Mais odiada do que amada, a calote semi-esférica e verde construída nos jardins do Palácio de Cristal é um hoje um marco da paisagem portuense e o único equipamento polivalente de grandes dimensões de que a cidade dispõe. Mais do que isso, o Pavilhão Rosa Mota está indelevelmente inscrito na História da cidade e do país. Por ali passaram, entre muitos outros, o antigo presidente soviético Mikhail Gorbatchov (num comício de aniversário do PCP, na década de 1980), o atribulado congresso fundador do CDS ou o Dalai Lama, líder espiritual dos budistas.
E são 50 anos de história(s). Tudo começou com a ideia da Câmara do Porto em realizar o Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins. Foi tomada a decisão de demolir o antigo Palácio de Cristal para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos, a inaugurar em 1852.

Daí por diante, o Pavilhão dos Desportos foi cumprindo a sua função até ao final da década de 80, acolhendo eventos desportivos (voltou a receber o Mundial de Hóquei), mas também políticos e industriais. Findo este período, contudo, o pavilhão apresentava fortes sinais de degradação, passando a ser praticamente inútil também para a prática de desportos de alta competição. Rebaptizado em homenagem a Rosa Mota, a campeã olímpica da maratona natural do Porto, o equipamento veio a ser objecto de profundas obras de remodelação em 1990, reabrindo em Julho de 1991 para acolher a 30ª edição do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins. Todavia, a filosofia desta intervenção visou, desta feita, transformá-lo num "pequeno Paris-Bercy" - o grande pavilhão polivalente parisiense -, dotando-o de condições técnicas para a realização de inúmeros eventos, evitando-se a degradação com a substituição dos pisos consoante as modalidades a praticar.

Durante os primeiros tempos, acolheu ainda as modalidades amadoras do FC Porto, nomeadamente os jogos de basquetebol, tendo ali sido disputadas algumas das mais importantes partidas da melhor época de sempre da equipa a nível internacional. Na memória ficam ainda um jogo de exibição dos Harlem Globtrotters, o concerto de inauguração da Capital Europeia da Cultura ou, mais recentemente, os concertos do canadiano Bryan Adams e dos Simply Red.

Apesar das espectativas então criadas, o Pavilhão Rosa Mota nunca chegou a assumir, porém, grande protagonismo na animação da cidade. O espaço não tem, assim, sido devidamente rentabilizado, esperando-se que o novo modelo de gestão, a apresentar em breve, possa contribuir para aproximar o Rosa Mota dos ambiciosos objectivos que presidiram à sua remodelação no início da década de 1990.

Adaptado da edição do "Público" de 15 de Outubro de 2006

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais um bom artigo sobre um espaço mediático na nossa cidade do Porto =)

Além de todas as funções referidas, faz ainda de abrigo da "Noite Negra" realizada todos os anos por volta desta altura que reúne todas as faculdades da Federação Académica do Porto, fazendo desta, mais uma razão de convívio entre os estudantes, embora o façam com disputas... "saudáveis" =P é impressionante vê-las... muito mais participar nelas! Chegava a ficar arrepiada de tanta adrenalina! =) É este o modo como mostramos o orgulho de fazermos parte da faculdade em que andamos... Desculpa, não podia deixar de dizer... FORÇA ISEP!! =P

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FRANCISCO OLIVEIRA disse...

Ao ler este texto lembrei-me que afinal já tenho mesmo uns anitos. É que eu era um jóvem quando o Palácio de Cristal foi abaixo e construiram o Pavilhão dos Desportos. Fui assistir a um Campeonato do Mundo (ou da Europa) de Hóquei em Patins em que o Pavilhão ainda não estava totalmente construído. Faltava-lhe a cobertura.
Parabéns pelo seu contributo para as recordações do Porto de outros tempos.